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sábado, 8 de dezembro de 2018

2º Domingo de Advento A VOZ QUE GRITA NO DESERTO


               Estas são as palavras que marcaram a pessoa de João Batista: ”Esta é a voz daquele que grita no deserto:’Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos acidentados serão aplainados. E todas as pessoas verão a salvação de Deus.” Com estas palavras São Lucas (3,1-6), nos revela o mistério do  Advento. Nós ouvimos muitas vezes esta palavra, e todos os anos celebramos o Tempo de Advento, porém, refletimos pouco o mistério que ele encerra. Ele é tão importante que Deus envia uma pessoa especial, João Batista, para anunciar-nos este mistério. Mesmo assim, nós temos muita dificuldade em entendê-lo porque o ambiente criado pelos homens é totalmente contrário.
           Quando João Batista afirma que ele é “voz que grita no deserto.” Muitas vezes me perguntei: o que ele queria dizer com isto? Que ninguém tinha interesse em ouvir a palavra de Deus? Esta é a impressão que nos dá o mundo de hoje, e nós sabemos que não é verdade. Porque ele realmente pregava no deserto do rio Jordão, onde eram batizados? Tudo isto pode ter um pouco de verdade, mas a realidade é mais grave, e até já estamos sentindo as consequências. Por isso a palavra de Deus deste domingo,
nos convida pensar o porque João grita no deserto?

          Muitos iam ao rio Jordão para ouvir a pregação de João Batista porque seria diferente, e, por isso muitos eram batizados. Assim começava cumprir-se a profecia de Baruc (5,1-9) que diz: “Despe, o Jerusalém, a veste de luto e de aflição e reveste, para sempre, os adornos da glória vinda de Deus! Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus e põe na cabeça o diadema da glória do Eterno. Deus mostrará teu esplendor, ó Jerusalém, a todos os que estão debaixo do céu. Receberás de Deus este nome para sempre: “Paz da justiça e Glória da piedade.”
          O profeta continua anunciando: “Vê teus filhos reunidos pela voz do Santo, desde o poente até o levante, jubilosos por Deus ter-se lembrado deles.” e continua, dizendo: “As florestas e todas as árvores odoríferas darão sombra a Israel, por ordem de Deus. Sim Deus guiará Israel com alegria, à luz de sua glória, manifestando a misericórdia e a justiça que dele procedem.” Esta é a missão de João Batista, que deveria ser feita no templo de Jerusalém e não foi possível, porque os poderosos haviam-se apoderado do templo, corrompido os sacerdotes e os outros responsáveis em fazer o que João está fazendo no deserto, e não fizeram. 
          Neste domingo, Deus nos convida a meditar sobre isto, porque esta história está-se repetindo, mas em proporções imensamente maiores. O povo está sedento de Deus, de verdade e de justiça. A procura na igreja, deseja ouvi-la de lábios dos que assumiram o compromisso de anunciá-la, mas, contaminados pela ambição e a vaidade, não têm coragem, nem tempo, para cumprir a sua missão. O povo fica perdido e desorientado no meio dos numerosos perigos e teorias erradas que oferecem os homens. Perdido nesta confusão, motivado pela falta de responsabilidade dos que temos o compromisso de orientá-lo, ele segue qualquer raio de luz que apareça no seu caminho. 
          João Batista, é uma lembrança da função do templo e da responsabilidade dos que assumimos o compromisso de anunciar a palavra de Deus.     


Monsenhor Antônio Santcliments Torras




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