Estas são as palavras que marcaram a pessoa
de João Batista: ”Esta é a voz daquele que grita no deserto:’Preparai o caminho
do Senhor, endireitai suas veredas. Todo vale será aterrado, toda montanha e
colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos
acidentados serão aplainados. E todas as pessoas verão a salvação de Deus.” Com
estas palavras São Lucas (3,1-6), nos revela o mistério do Advento. Nós ouvimos muitas vezes esta
palavra, e todos os anos celebramos o Tempo de Advento, porém, refletimos pouco
o mistério que ele encerra. Ele é tão importante que Deus envia uma pessoa
especial, João Batista, para anunciar-nos este mistério. Mesmo assim, nós temos
muita dificuldade em entendê-lo porque o ambiente criado pelos homens é
totalmente contrário.
Quando João Batista afirma que ele é “voz que grita no deserto.” Muitas
vezes me perguntei: o que ele queria dizer com isto? Que ninguém tinha
interesse em ouvir a palavra de Deus? Esta é a impressão que nos dá o mundo de
hoje, e nós sabemos que não é verdade. Porque ele realmente pregava no deserto
do rio Jordão, onde eram batizados? Tudo isto pode ter um pouco de verdade, mas
a realidade é mais grave, e até já estamos sentindo as consequências. Por isso
a palavra de Deus deste domingo,
nos convida pensar o porque João grita no
deserto?
Muitos iam ao rio Jordão para ouvir a pregação de João Batista porque
seria diferente, e, por isso muitos eram batizados. Assim começava cumprir-se a
profecia de Baruc (5,1-9) que diz: “Despe, o Jerusalém, a veste de luto e de
aflição e reveste, para sempre, os adornos da glória vinda de Deus! Cobre-te
com o manto da justiça que vem de Deus e põe na cabeça o diadema da glória do
Eterno. Deus mostrará teu esplendor, ó Jerusalém, a todos os que estão debaixo
do céu. Receberás de Deus este nome para sempre: “Paz da justiça e Glória da
piedade.”
O profeta continua anunciando: “Vê teus filhos reunidos pela voz do
Santo, desde o poente até o levante, jubilosos por Deus ter-se lembrado deles.”
e continua, dizendo: “As florestas e todas as árvores odoríferas darão sombra a
Israel, por ordem de Deus. Sim Deus guiará Israel com alegria, à luz de sua
glória, manifestando a misericórdia e a justiça que dele procedem.” Esta é a
missão de João Batista, que deveria ser feita no templo de Jerusalém e não foi
possível, porque os poderosos haviam-se apoderado do templo, corrompido os
sacerdotes e os outros responsáveis em fazer o que João está fazendo no
deserto, e não fizeram.
Neste domingo, Deus nos convida a meditar sobre isto, porque esta
história está-se repetindo, mas em proporções imensamente maiores. O povo está
sedento de Deus, de verdade e de justiça. A procura na igreja, deseja ouvi-la
de lábios dos que assumiram o compromisso de anunciá-la, mas, contaminados pela
ambição e a vaidade, não têm coragem, nem tempo, para cumprir a sua missão. O
povo fica perdido e desorientado no meio dos numerosos perigos e teorias erradas
que oferecem os homens. Perdido nesta confusão, motivado pela falta de
responsabilidade dos que temos o compromisso de orientá-lo, ele segue qualquer
raio de luz que apareça no seu caminho.
João Batista, é uma lembrança da função do templo e da responsabilidade
dos que assumimos o compromisso de anunciar a palavra de Deus.
Monsenhor Antônio
Santcliments Torras
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