Todos nós, o que mais apreciamos é a
vida. Mesmo numa época em que não se respeita a vida de ninguém, até os maiores
criminosos querem que a vida deles seja respeitada. Algumas pessoas acham que
esta vida é muito sofrida, mesmo assim ninguém deseja morrer. Nós compreendemos
isto, na medida em que nós entendemos que a vida é um dom que recebemos de
Deus, e que Ele não deu a vida ninguém para morrer, mas para viver e cuidar da
vida de todas as coisas. Por isso, o Criador, depois de criar o homem, pediu:
“Crescei, multiplicai-vos, enchei e cuidai da terra.” Ninguém pode garantir a
sua própria vida, destruindo a natureza.
A água é a fonte da vida! Mesmo tendo
a certeza de que a vida é sempre um dom de Deus, sabemos que, sem água, não
existe vida. A semente, sem água, não nasce; as plantas e as árvores, sem água,
não crescem; os animais e até nós iniciamos a nossa existência dentro de uma
bolsa de água. E todos nós precisamos de muita água par viver. Esta é a
dimensão material que, se não temos cuidado, nos escraviza e complica a nossa
vida, a vida das nossas famílias, e de toda a humanidade. Isto é o que
presenciamos todos os dias.
Deus nos convida a meditar que a água
é também a fonte da verdadeira vida, livre da escravidão e da morte, para que a
valorizemos. Este é o objetivo da quaresma e condição indispensável para
celebrar a Páscoa. Isto nos lembra Isaías (43,16-21) “Isto diz o Senhor, que
abriu uma passagem no mar e um caminho entre as águas impetuosas; que pôs a
perder carros e cavalos, tropas e homens corajosos; pois estão todos mortos e
não ressuscitarão, foram abafados como mecha de pano e apagaram-se. Não
relembreis coisas passadas. Não olheis para fatos antigos. Eis que eu farei
coisas novas e que já estão surgindo, acaso não as reconheceis? Pois abrirei
uma estrada no deserto e farei correr rios na terra seca. Hão de glorificar-me
os animais selvagens, os dragões e os avestruzes, porque fiz brotar água no
deserto e rios na terra seca para dar de beber a meu povo, a meus escolhidos.
Este povo, eu o criei para mim e ele cantará meus louvores.” Assim, Isaías
compara a passagem do povo de Israel entre as águas do mar para livrá-lo da
escravidão do Egito, com as águas do batismo que nos livram da escravidão do
pecado e da morte e nos abrem o caminho para a liberdade e a vida eterna. Por
isso na celebração da Páscoa renovamos o
nosso batismo.
Assim começa a vida nova de que nos
fala o profeta, e da que dá testemunho São Paulo na sua carta aos Filipenses
(3,8-14) “Irmãos, na verdade, considero tudo como perda diante da vantagem
suprema que consiste em conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dEle, eu
perdi tudo. Considero tudo como lixo, para ganhar Cristo e ser encontrado junto a Ele, não com minha justiça provindo da lei,
mas com a justiça por meio da fé em Cristo, a justiça que vem de Deus na base
da fé. Esta consiste em conhecer a Cristo, experimentar a força da sua
ressurreição, ficar em comunhão com os seus sofrimentos, tornando-me semelhante
a Ele na sua morte, para ver se alcanço a ressurreição entre os mortos.” Esta
vida nova consiste em sentir que Cristo é o nosso melhor amigo!
No evangelho, São João (8,1-11),
mostra-nos o contraste entre os mestres da lei e os fariseus que trouxeram uma
mulher que queriam matar a pedradas, e a atitude de Jesus que disse: “Quem
dentre vós que não tiver pecado seja o primeiro em tirar-lhe uma pedra”. Eles
foram embora, começando pelos mais velhos. Depois disse à mulher: “ninguém te
condenou? Eu também não te condeno.”
Monsenhor
Antônio Santcliments Torras
Nenhum comentário:
Postar um comentário