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sábado, 6 de abril de 2019

5º Domingo de Quaresma - VIDA NOVA


           Todos nós, o que mais apreciamos é a vida. Mesmo numa época em que não se respeita a vida de ninguém, até os maiores criminosos querem que a vida deles seja respeitada. Algumas pessoas acham que esta vida é muito sofrida, mesmo assim ninguém deseja morrer. Nós compreendemos isto, na medida em que nós entendemos que a vida é um dom que recebemos de Deus, e que Ele não deu a vida ninguém para morrer, mas para viver e cuidar da vida de todas as coisas. Por isso, o Criador, depois de criar o homem, pediu: “Crescei, multiplicai-vos, enchei e cuidai da terra.” Ninguém pode garantir a sua própria vida, destruindo a natureza.
          A água é a fonte da vida! Mesmo tendo a certeza de que a vida é sempre um dom de Deus, sabemos que, sem água, não existe vida. A semente, sem água, não nasce; as plantas e as árvores, sem água, não crescem; os animais e até nós iniciamos a nossa existência dentro de uma bolsa de água. E todos nós precisamos de muita água par viver. Esta é a dimensão material que, se não temos cuidado, nos escraviza e complica a nossa vida, a vida das nossas famílias, e de toda a humanidade. Isto é o que presenciamos todos os dias.
          Deus nos convida a meditar que a água é também a fonte da verdadeira vida, livre da escravidão e da morte, para que a valorizemos. Este é o objetivo da quaresma e condição indispensável para celebrar a Páscoa. Isto nos lembra Isaías (43,16-21) “Isto diz o Senhor, que abriu uma passagem no mar e um caminho entre as águas impetuosas; que pôs a perder carros e cavalos, tropas e homens corajosos; pois estão todos mortos e não ressuscitarão, foram abafados como mecha de pano e apagaram-se. Não relembreis coisas passadas. Não olheis para fatos antigos. Eis que eu farei coisas novas e que já estão surgindo, acaso não as reconheceis? Pois abrirei uma estrada no deserto e farei correr rios na terra seca. Hão de glorificar-me os animais selvagens, os dragões e os avestruzes, porque fiz brotar água no deserto e rios na terra seca para dar de beber a meu povo, a meus escolhidos. Este povo, eu o criei para mim e ele cantará meus louvores.” Assim, Isaías compara a passagem do povo de Israel entre as águas do mar para livrá-lo da escravidão do Egito, com as águas do batismo que nos livram da escravidão do pecado e da morte e nos abrem o caminho para a liberdade e a vida eterna. Por isso na celebração da Páscoa  renovamos o nosso batismo.
          Assim começa a vida nova de que nos fala o profeta, e da que dá testemunho São Paulo na sua carta aos Filipenses (3,8-14) “Irmãos, na verdade, considero tudo como perda diante da vantagem suprema que consiste em conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dEle, eu perdi tudo. Considero tudo como lixo, para ganhar  Cristo e ser encontrado junto  a Ele, não com minha justiça provindo da lei, mas com a justiça por meio da fé em Cristo, a justiça que vem de Deus na base da fé. Esta consiste em conhecer a Cristo, experimentar a força da sua ressurreição, ficar em comunhão com os seus sofrimentos, tornando-me semelhante a Ele na sua morte, para ver se alcanço a ressurreição entre os mortos.” Esta vida nova consiste em sentir que Cristo é o nosso melhor amigo!
          No evangelho, São João (8,1-11), mostra-nos o contraste entre os mestres da lei e os fariseus que trouxeram uma mulher que queriam matar a pedradas, e a atitude de Jesus que disse: “Quem dentre vós que não tiver pecado seja o primeiro em tirar-lhe uma pedra”. Eles foram embora, começando pelos mais velhos. Depois disse à mulher: “ninguém te condenou? Eu também não te condeno.”

Monsenhor Antônio Santcliments Torras




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