Na Sexta-Feira Santa, Deus convida-nos a meditar a
respeito da realidade que nós mais detestamos, mas que é parte essencial da
nossa vida neste mundo. Isto não é por vontade do Criador, e sim pela nossa
livre escolha. Como Ele nos fez participantes da sua inteligência, julgamos que
pode existir alguém, ou nós mesmos, mais inteligentes do que Ele. Resolvemos
duvidar de suas palavras que nos mostram o caminho da verdadeira paz e
felicidade, para seguir as teorias, duvidosas e diabólicas, que os homens estão
anunciando. Por este caminho, precisamos andar todos nós durante a nossa vida
neste mundo, procurando a Paz e a felicidade, e encontrando a injustiça fruto
do nosso egoísmo e, como consequência, a fome a corrupção e a violência.
Hoje, nós celebramos os sofrimentos da paixão e
morte de Jesus. É necessário lembrar-nos das palavras que ele disse: "O que fizerdes a um desses pequenos
que acreditam em mim, a mim o fizestes". Porque Jesus não morreu como
Deus, e sim como homem, para mostrar-nos como devemos viver se queremos ser
filhos de Deus. Podemos afirmar que ele morreu em nome de todo o Povo de Deus.
Ele é o "primogênito", que ensina a todos os querem fazer parte do seu
povo como devem enfrentar o sofrimento. São Paulo nos dá exemplo: "Eu completo no meu corpo o que falta
na paixão de Cristo".
Em Isaías (52, 13-53), referindo-se à paixão e morte
de Jesus, usa a palavra servo, que pode ser aplicada para indicar quem procura
ser fiel à Palavra de Deus: "Ei-lo,
o meu servo será bem-sucedido; sua ascensão será no mais alto grau. Assim como
muitos ficaram pasmados ao vê-lo, tão desfigurado ele estava que não parecia
ser um homem ou ter aspecto humano". Continua: "Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha
aparência que nos agradasse. Era desprezado como o último dos mortais, homem
coberto de dores, cheio de sofrimentos”.
Estas palavras se referem a Jesus como homem que,
não tendo pecado, assumiu os pecados de todos. Nele estão presentes os bilhões
de pobres que vivem, hoje, desfigurados no mundo, por causa das injustiças e do
egoísmo de muitos chefes de família, dos governantes dos povos, e até dos
responsáveis pelas religiões, como nos conta São João (João 18,1-42). Para
crucificar a Jesus, procuraram um traidor, manipularam o povo, ameaçaram as
autoridades civis, e deturparam o sentido das leis religiosas. Por isso, Jesus
gostaria mais que, em lugar da ficar lamentando os sofrimentos que ele sofreu
dois mil anos atrás, pensássemos na triste situação e que vive o nosso povo,
pelos mesmos, motivos e ocasionado pelas mesmas pessoas. E meditássemos em que sentido
nós também somos responsáveis por tudo isso.
O profeta garante a recompensa, dizendo: "Do mesmo modo ele espalhará a sua fama
entre os povos. Diante dele os reis se manterão em silêncio, vendo algo que
nunca lhes foi narrado e conhecendo coisas que jamais ouviram. Quem de nós deu
crédito ao que ouvimos? E a quem foi dado reconhecer a força do Senhor? Diante
do Senhor, ele cresceu como renovo de planta ou como raiz em terra seca".
Estas mesmas palavras que anunciam a ressurreição de Jesus: lembram a promessa
que ele fez: "Felizes os pobres,
porque deles é o Reino do Céu.":
MORRENDO COM CRISTO, RESSUSCITAMOS COM CRISTO
Monsenhor Antonio
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