Quando
lemos o evangelho, descobrimos que os evangelhos de Mateus, de Marcos e de
Lucas são tão parecidos que, por isso, são chamados de Evangelhos Sinópticos.
Mas o evangelho de João é totalmente diferente. Durante muito tempo eu me
perguntei o porquê desta diferença. Encontrei a resposta de que era porque ele
tinha sido o último em escrever o evangelho e completou o que os outros
evangelistas não haviam contado. Isto, porém, não me convenceu. O seu conteúdo
é totalmente diferente dos outros evangelhos.
O evangelho de João começa dizendo:
“No princípio era o Verbo, o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus.”
Estas palavras já dão para entender que ele não se limita em falar sobre a
pessoa humana de Jesus, sobre o que Ele disse, e contar o que Ele fez. Mesmo reconhecendo
que Ele era um homem igual aos outros em tudo, menos no pecado, mantinha uma
vida de intimidade com o Pai. Depois Jesus dará provas de que isto é verdade, e
o manifesta em todo o seu evangelho, sobretudo quando nos ensina a rezar o
Pai-Nosso; mas, como nós temos dificuldade em entender as coisas, insiste em
todo o seu evangelho, porque ela é o fundamento da nossa felicidade temporal e
eterna.
A partir do capítulo treze do
evangelho até o final, João apresenta-nos a necessidade que nós temos de
vivermos esta intimidade com Deus, se queremos encontrar a paz e a felicidade
que procuramos aqui na terra, e termos a certeza de consegui-la na eternidade.
Na última Ceia, Jesus nos mostra como
deve ser a nossa intimidade com o Pai, de uma maneira prática. E nos mostra com
detalhes para que entendamos. Celebrou a primeira eucaristia, depois da última
Ceia, com todos os seus discípulos, ao redor da mesma mesa, para que entendamos
que é impossível a intimidade com o Pai, sem estar em comunhão com os irmãos.
Mandando embora a Judas, demonstra-nos que os traidores não podem participar
desta intimidade. Lavando os pés dos discípulos, ensina-nos que os que desejarmos
participar desta intimidade com Deus, devemos provar a nossa intimidade com os
irmãos ajudar-nos uns aos outros. Só depois de estar unidos entre nós,
poderemos ter a certeza de conseguir a nossa intimidade com o Pai e participar
da paz e da felicidade que só Ele pode dar-nos.
Isto é tão importante para a nossa
vida cristã, tomarmos consciência da nossa dignidade humana, encontrar a paz e a
segurança que nós procuramos, que Deus manda que, nos domingos, deixemos o
nosso trabalho e a preocupação pelas coisas materiais, para o nosso encontro de
intimidade com o Pai e com os irmãos, participando da Santa Missa, que é a
renovação do gesto de intimidade que Jesus nos ensinou na quinta feira santa.
Infelizmente, a maioria dos católicos
estamos preocupados em saber se é pecado não participar da missa dominical,
quando deveríamos estar preocupados pelo que estamos perdendo se, por falta de
interesse, deixamos de participar ou vamos só por costume ou motivos sociais.
Assim, desprezamos tudo o que Deus nos ensinou com a vida, paixão, morte e
ressurreição de Jesus.
Nisto nós demonstramos se somos
mensageiros da paz ou agentes da violência.
Monsenhor
Antônio Santcliments Torras
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